8 de out. de 2013

Há vida nos anos 2000

É comum ter dificuldade em achar coisas boas para ouvir no presente e há uma tendência a nos apegarmos às coisas do passado. Não sei por que isso acontece, mas tenho umas suposições. Vou discorrer um pouco dessas suposições e depois vou mostrar a vida que floresce nos anos 2000, músicas que eu acho muito boas e que são dos anos 2000. (Para quem quiser pular o blablabla e ver a lista, clique aqui)

Foi o que eu achei procurando por "música anos 2000" no Google Imagens
Um dos motivos para se apegar ao passado pode ser a zona de conforto de ouvir o que já é consagrado. Aliado a isso, como um vinho, às vezes a música precisa maturar. É difícil, pelo menos para mim, ouvir uma música sem saber se é nova ou velha, principalmente quando já conheço o artista. Quando ouço um trabalho novo, sempre sou crítico ou tolerante demais. Mas existe um lado que realmente pode estar piorando a qualidade da música, bandas novas acabam buscando se adaptar às novas tecnologias e ficam um misto entre o pop eletrônico e o pop rock que, para mim, acaba tirando a identidade da banda (Coldplay). Outras mais velhas acabam caindo no mais do mesmo, você ouve o som novo e acha ele O.K., mas apenas isso (Iron Maiden). Logo esquece e parte para outra.



O fato é que a relação entre as gravadoras e o ouvinte está completamente mudado. E os anos 2000 estão no auge dessa mudança, com a qual as gravadoras ainda não estão sabendo lidar bem. Enquanto a tendência com o uso da internet para compartilhamento de trabalho intelectual aumenta as possibilidades do ouvinte de buscar quase qualquer coisa, as gravadoras insistem em estratégias do tempo em que havia acesso a novidades de música só pelo trabalho das próprias gravadoras e há algumas baixas por conta disso. Por exemplo, hoje, a MTV mais se dedica à gravidez na adolescência do que à música em si. Infelizmente, algumas gravadoras preferem brigar com a internet do que se beneficiar dela, como os casos em que o vídeo é retirado do ar por violação dos direitos autorais, porque um usuário usou o vídeo com a música de fundo. Não é possível que os CEOs, nos seus escritórios, acham que o cara que faz um vídeo caseiro com uma música no fundo quer roubar dinheiro da gravadora. Há algumas gravadoras que, ao invés de tirar os vídeos do Youtube, permitem desde que esteja com uma propaganda do CD ao lado (eu acho que isso não funciona, mas ok, pelo menos o vídeo não sai do ar) e outras ao menos colocam um vídeo oficial (Vevo). Realmente me indigna que algumas gravadoras simplesmente não ponham a música no ar e não permitam qualquer uso da música. É uma atitude muito retrógrada.



Também pode ser a relação entre o ouvinte, o músico e a gravadora tenha mudado ao tempo em que a música se tornou mais um negócio que uma arte. E, quando o dinheiro manda mais, o músico se sente acuado e não faz o que gostaria de fazer e o cliente recebe algo que não é o que poderia estar recebendo. Acho que se perdeu espontaneidade no processo e, apesar da internet permitir amplo acesso de todos a artistas alternativos, a grande amplitude de opções acaba dificultando esses artistas de se tornarem famosos. Então, muitas vezes, a gravadora é a mediadora entre o sucesso local e o sucesso mais amplo, mas complica se a gravadora, com o argumento da pirataria, não tiver mais interesse. Outro detalhe é a presença multitarefa da música. Até pouco tempo, era preciso parar e apreciar a música, havia o hábito de ouvir rádio. Hoje, com a correria cada vez maior, a música é só um som ambiente para fazer outra coisa, em geral, ficar no computador ou dirigir. As rádios mesmo perderam seu papel de divulgação de discos e artistas.

"Rock anos 2000" no Google Imagens
Isso já está me atrapalhando, não
cogitava citar Linkin Park
nem Amy Winehouse no post
No meu caso, hoje conheço mais artistas por recomendações de amigos, pela internet mesmo e por festivais que aconteçam por aqui, isto é, Rock in Rio e SWU. As gravadoras, rádios e músicos parecem ter tido sua época de bom rendimento, depois uma fase de excesso de poder das gravadoras e agora seu declínio, perante a grande rede de compartilhamento. O que será do futuro da música? Ficaremos com bandas cada vez mais locais? Como será o equilíbrio entre a criação de entretenimento e a liberdade de compartilhamento? Mas, apesar de todas essas mudanças, que modificam o nosso relacionamento com a música, apesar do saudosismo das décadas 80 e, agora, 90 (quem sabe, em breve, 2000 também!), existe coisa boa pra ouvir criada (e algumas até nascidas) nos anos 2000. Tá certo que não são coisas dos anos 2010 ainda (quem sabe um dia), mas eis aí alguns álbuns excelentes dos anos 2000, pra salvar a década, ou o século (ou o milênio!). Então aí estão os álbuns que eu selecionei respondendo às seguintes perguntas. Daqui a alguns anos, vou querer ouví-lo de novo? Alguma música me prendeu? O álbum pode ser destacado na carreira?


Coldplay - A Rush of Blood
the the Head (2002)
Esse disco que realmente mostrou o Coldplay para o mundo. Eu também gosto muito do anterior, mas esse tem alguns dos maiores sucessos, que eu sempre estarei procurando nos novos trabalhos, mas não sei se vou encontrar, pelos motivos expostos nos parágrafos anteriores. Destaque para In My Place, The Scientist e Clocks.

Ac/Dc - Black Ice (2008)
Depois de uma série de mais-do-mesmo, esse disco me pareceu ter uma sonoridade "das antigas". Destaques: Rock 'n' Roll Train, Skies on Fire, Stormy May Day e Black Ice.

U2 - All That You Can't
Leave Behind (2000)
No limite da década, está aí para honrá-la pois apesar de no limite, pertence a ela. Apesar do U2 ser uma banda dos anos 80, esse disco, dos anos 2000, tem algumas das minhas músicas favoritas. Destaque para Beautiful Day e Walk On.

Foo Fighters - One by One (2002)
Um álbum que contém Times Like These não pode ficar de fora, sendo ele dos anos 2000. Além dela, outra famosa e muito boa é All my Life.

Metallica - Death Magnetic (2008)
Um álbum que prestigiou o tempo e demorou, mas se tornou muito marcante na carreira do Metallica. Por sinal, essa é uma das bandas que consegue continuar a cativar os fãs das antigas e novos fãs do estilo mais 'new metal', a tendência comercial dos dias de hoje. Destaques: The End of the Line, Broken, Beat & Scarred e All nightmare Long.

Sebastian Bach - Kicking
and Screaming (2011)
Já não dou o mesmo título de grande obra da carreira para esse disco, fico na situação "em cima do muro" entre o "ok, foi legal mas não coloco no patamar dos trabalhos antigos", pelo menos por enquanto. Tem músicas boas e que tive vontade de ouvir várias vezes, a homônima ao álbum e Dream Forever.

Whitesnake - Forevermore (2011)
É um trabalho bem completo, com destaque para a baladinha Fare thee Well e as animadas Whipping Boy Blues e I Need You (Shine a Light).

Avenged Sevenfold - Nightmare (2010)
Avenged Sevenfold é uma banda que me deixa em dúvida se é apenas um produto pop "puta revolts" (como bandas de metalcore em geral) ou se é uma boa banda que por acaso tem apego com as adolescentes. Mas, independente disso, gosto desse Nightmare e já adotei duas músicas do novo Hail to the King. Destaque para a participação do ex-baterista do Dream Theater, Mike Portnoy, e das músicas Nightmare, Buried Alive, God Hate Us e Fiction.

Dream Theater - Six Degrees of
 Inner Turbulence (2002)
Porradaria, solos e tudo que um bom metal pode pedir. Destaque para Solitary Shell e The Test that Stumped them All.

Maroon 5 - Songs about Jane (2002)
Bom álbum de música suave, que fez sucesso graças a Harder to Breath, This Love e She Will be Loved, mas destaco também Must Get Out e Sunday Morning.

Megadeth - Th1rt3en (2011)
Não conheço a fundo a carreira do Megadeth, mas, tirando os clássicos dos anos 80, esse foi o disco que mais me chamou a atenção ouvindo a discografia, apesar de ser recente. Talvez tenha sido o resultado positivo da influência da gravadora no trabalho, pelo menos uma exceção. Destaques para Sudden Death, Public Enemy no 1, We The People e Fast Lane.

Blind Guardian - A Night
at the Opera (2002)
As bandas de metal sempre são acusadas de só fazer porcaria nos tempos recentes, em especial as de metal melódico. Apesar de ter gostado do A Twist in the Myth, este não me deu a mesma sensação de álbum épico como o A Night at The Opera. Destaques para Battlefield, Sadly Sings Destiny e And Then There Was Silence.
Red Hot Chili Peppers - By
The Way (2002)
OK, sofri influência de TV e rádio para gostar desse, mas acredito que seja mesmo de qualidade. Também gostei do último disco, já mais recente e sem influência externa, o I'm with You, mas ainda não senti firmeza para dizer que é um álbum para a posteridade, mas o By The Way, sim, sinto isso. Destaque para By the Way, Dosed, The Zephyr Song e Can't Stop.

Snow Patrol - Eyes Open (2006)
Este é um dos tantos discos que eu acabo gostando de todas as músicas, mas o mundo só conhece uma. O caso da "única música" deste disco é o Open Your Eyes, que tocou exaustivamente em rádio e até dá pra senti uma certa saudade, quando éramos obrigados a ouvir em espaços públicos coisas com qualidade ainda (não que não existisse eletroforró, funk, "divas" e pagodjenho em 2006). Mas gostei bastante de todas as músicas e acredito que seja um bom ícone do "britpop" dos anos 2000. Ou da música alternativa, como classifica o last.fm. Destaques: You're All I Have, It's Beggining to Get to Me, Headlights in Dark Roads e a Open Your Eyes.

Cavalera Conspiracy - Inflikted (2008)
Muita porradaria de qualidade para dividir os fãs entre Sepultura novo e os irmãos Cavalera. Destaque para as músicas Inflikted e Ultra-Violent.

Goo Goo Dolls - Let Love In (2006)
Goo Goo Dolls também é muito conhecido por apenas uma música (Iris), mas tem muita coisa boa inexplorada, deixando-o, também, na categoria "alternativo". Meus destaques desse disco são Stay With You, Let Love In e Better Days.

Shaman - Ritual (2002)
Graças a uma música desse disco, muita gente deve ter começado a gostar de metal melódico. Trata-se da Fairy Tale, usada na novela O Beijo do Vampiro. O disco todo é excelente, provavelmente uma referência em metal melódico também lá fora, graças ao dedo do internacional André Matos. Além de Fairy Tale, destaco Ancient Minds/Here I Am, For Tomorrow, Ritual e Pride.

Edguy - Rocket Ride (2006)
Dico de metal melódico com um certo teor pop que, ao contrário do A7x, não me provoca pulgas atrás da orelha. Destaque para Sacrifice, Matrix, Catch of The Century, Save Me e Superheroes.

Capital Inicial - Rosas & Vinho Tinto (2002)
Também as bandas de rock nacional dos anos 80 sempre são acusadas de "se venderem" para fazer tema de novela, mas destaco esse disco com duas boas músicas que fizeram sucesso, À sua maneira e Quatro vezes você.

Avantasia - The Scarecrow (2008)
Avantasia foi um projeto relativamente curto do vocalista do Edguy e que fez tanto sucesso que acabou permanecendo por mais tempo. Com relação aos discos anteriores, este me pareceu mais interessante e menos cansativo, mas sem sair da proposta da "metal opera". Destaques: Twisted Mind, The Scarecrow, Carry me Over, What kind of Love, Cry Just a Little e Lost in Space.

Mudvayne - Lost and Found (2005)
Mudvayne é uma das poucas bandas do chamado "new metal" que me soa natural e não "puta revolts". É som brutal pra bater cabeça e destaco as canções Determined, Happy?, Forget to Remember e All that You are.

Slayer - World Painted Blood (2009)
Último trabalho do Slayer antes da morte do guitarrista Jeff Hanneman, de excelente qualidade no seu estilo thrash metal. Destaque para a música homônima ao disco.
Aerosmith - Just (2001)
Tem dois grandes sucessos da banda neste álbum de 2001, são eles Jaded e Fly Away From Here.

Daft Punk - Discovery (2001)
O Daft Punk, cuja música Get Lucky fez um sucesso absurdo esse ano, com méritos (e esperança na humanidade restaurada), já mostrou um trabalho bom com esse Discovery. Em matéria de consistência, ele é melhor que o Random Access Memories (da Get Lucky que foi a única que me chamou a atenção nele), com destaques para One More Time e 'Harder, Better, Faster, Stronger'.

Lenny Kravitz - Black And
White America (2011)
Um bom disco desse artista que fez muita coisa boa nos anos 90. Já nos anos 2000, tem a música Where are We Runnin', do álbum Baptism (2001), mas nunca ouvi as músicas, então não posso julgá-lo. Vou destacar então esse último álbum que ouvi e me agradou muito e suas músicas Come and Get It, Rock Star City Life e Push.

Claro que faltou muita coisa ai, que eu não conheço o suficiente para criar um pequeno texto ou citar um disco, de Amy Winehouse a Krisiun, passando por Kaiser Chiefs, Franz Ferdinand e Bon Jovi (Misunderstood).

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Quem sou eu

Raphael Fernandes
Carioca, Brasileiro, Estudante de Robótica
Hiperativo, Imperativo
Gosto de tecnologia, de transporte, de Rock, de reclamar e de propagandas criativas (e outras coisas que posso ter falado em um post ou não)
Musicalmente falando, sou assim.

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